quarta-feira, 6 de junho de 2012

Litania


E se alguém te dissesse que desistiu?
Que desistiu de viver, o que você faria? Como reagiria? Ajudaria ou desprezaria?
Falaria coisas otimistas ou procuraria se colocar mesmo que falsamente no lugar da pessoa, a fim de tentar saber o que acontece?
O que você faria? Eu não faria nada.
E sofro muito com isso. Sofro por tudo. Nasci no imperativo do sofrimento. Nasci de um acidente e fui jorrada neste mundo para não me fazer entendível e ser desprezada por conta disto.
Sofro principalmente pela falta de atenção que dirigem a mim. Porém eu não faço o mesmo, e então eu sofro por saber da minha incapacidade de agir, de animar o cenário; sofro pela carência excessiva, sofro por ter vontade e pela minha falta de coragem.
Sofro pelo fingimento que é a minha vida. Sofro por não poder ser esse animal obscuro, ridículo, pífio que sou. Sofro por tentar parecer diferente na sociedade e ser um fracasso.
Pronto! Achei a palavra que me define: FRACASSO. Vejo todo mundo com sua auto ajuda de botequim dizendo que mudar é preciso, mas a vida já me demonstrou que cada um tem sua missão. A minha? É sofrer, passar pela vida com a sensação de que nada fiz que nunca prestei pra nada, que tudo que eu tenho e sou é por caridade,de que eu vim aqui para não fazer valer a pena e que nem a imposição da solidão conseguirei superar.
Continuo minha busca impossível, com uma fome física do mundo, tentando encontrar quem me compreenda e arranque com as suas mãos o monstro que habita em mim. Enquanto isso não acontece – e creio que nunca acontecerá, vou existindo com a minha covardia(porque sou covarde até para dar um fim nisso) sofrendo e falando aos deuses todos os dias que eu desisto, desisto de viver em um mundo que só piora minha doença.
Mundo doente, desisto de ti!

terça-feira, 6 de março de 2012

Passaram-se quase 3 meses. Segundo a legislação trabalhista esse é o tempo de experiência(rs) e a gente finge que acredita.
Algumas coisas aconteceram desde minha mudança de São Paulo para Natal.
A primeira delas é a constatação do pensamento platônico que nos assola há uns 5.000 mil anos; o idealismo, criamos ideais quando a realidade é chocante.
A cidade de Natal é linda. Realmente agora passado o susto estou entregue e certa de que encontrei a paz e a consonância com a natureza que tanto buscava. Porém o que mais me deixou atônita e chocada foram as pessoas.
Jah! Que povo estranho, fechado e limitado! Desde que ouvi e/ou vi uma sujeitinha falando que não precisava fazer novas amizades já me assustei, mas chegando aqui me deparei com uma falta de educação que eu pressupunha ter ficado no tempo da minha mãe. Mas não, jovens mal educados, ao ponto de você estar com uma galera e a pessoa ter a capacidade de cumprimentar a todos e nem olhar na sua cara pelo simples fato de não conhecer. Sem falar nos bolos, você marcar com a pessoa e ela nem aí. O que acho mais engraçado é que a galera daqui reclama pra caralho, mas não se permite conhecer gente de fora. Bairrismo idiota, de gente com mente limitadíssima... pra quem era acostumada a fazer amizades em banheiro de balada, isso aqui é um horror.
Porque sim, São Paulo é a cidade da jogação, do se permitir e viver o momento, o role. Confesso que fiquei muito triste, pois pensava que aqui teria a humanidade que até então para mim não existia em São Paulo, mas quer saber? Simpatia e hospitalidade é só para turista ver, isso sim.
Como sou humano demasiado humano, esse tipo de tratamento me causa náusea, angústia, só que passado esses três meses me acostumei e a vida sempre sábia se encarrega de colocar uns vida loka em nosso caminho.
E não adianta, o ser humano é estranho mesmo, posso estar em Roma ou Bogotá, vai ser sempre assim... uma pena.
A vida de casada não é fácil. Tem que se abrir mão de certas coisas, relevar, ter paciência, mas por enquanto tudo caminha bem, pois somos livres acima de tudo e só tenho que agradecer por ter um companheiro do meu lado.
Ainda tem muita coisa a ser trilhada, novas experiências, mas uma certeza: de que viver o momento, deixar a vida te levar é o melhor a se fazer. Somos parte da natureza e fazemos nosso próprio caminho, todavia seguimos um fluxo naturalmente nosso.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

61 - Livro do Desassossego

O livro do desassossego do Bernardo Soares heterônimo de Fernando Pessoa, traduz em belos versos o que passa nos recônditos da minha alma, dessa minha singela existência.
O que temos em comum? Essa angústia de querer ser o outro e a incrível medida de viver o momento, o presente a vida que me é palpável e real, mesmo com toda a dor de sê-lo.


(...)" Sou um poço de gestos que nem em mim se esboçaram todos, de palavras que nem pensei pondo curvas nos meus lábios, de sonhos que me esqueci de sonhar até ao fim.
Sou ruínas de edificios que nunca foram mais do que essas ruínas, que alguém se fartou, em meio de construí-las, de pensar em que construía.
Não nos esqueçamos de odiar os que gozam porque gozam, de desprezar os que são alegres, porque não soubemos ser, nós alegres como eles...Esse desdém falso, esse ódio fraco não é senão o pedestal tosco e sujo da terra em que se finca e sobre o qual, altiva e única, a estatua do nosso Tédio se ergue, escuro vulto cuja face um sorriso impenetrável nimba vagamente de segredo.

BENDITO OS QUE NÃO CONFIAM A VIDA A NINGUÉM."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Voltei

"Ninguém vai me frear,ninguém vai me dizer o que eu devo fazer nessa porra" (Criolo)

E os dias passam, as horas, os minutos, os anos.
A angústia sempre presente, crescente e igual.
A esperança também. Navego pela multidão em busca de uma ilusão para fazer de minha vida um interminável teatro.
Finjo, minto, coexisto. Nos olhos de alguém menos no meu.
A vida e nossa existência tão cansada, vai ficando tediosa e sábia.
Deixemos a vida nos levar na esperança de haver surpresas que façam nosso coração palpitar.
Liberdade? Não existe, somos presos a um corpo, a uma mente, a um universo de energias cósmicas aflitas em seus egos desatenciosos.
O que eu quero? O universo, tenho uma fome física dele, parafraseando Bernardo Soares. Já percebi que minha aflição toda está em quer o impossível e renunciar aquilo que posso ter, afinal intensidade é meu sobrenome e a pretensão meu codinome.
Se eu não puder ao menos desejar, florir minha imaginação com coisas inalcançáveis; se eu não puder sofrer com todas minhas forças, nem que seja antecipadamente, se eu não puder dizer, cuspir, esbravejar ao mundo minhas sensações, se eu não puder fingir minha liberdade, meus amores, minhas dores...... O que eu vim fazer nessa porra?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Agradeço a Jah todo dia pela oportunidade de estar nesse mundo. Mas confesso que a angústia toma conta.
O ser humano é a pior invenção que a natureza pode ter feito, apesar de eu gostar tanto de sê-lo.
Nada mais desesperador do que a falta de sentido, de ter que se virar nesse mundo pra sobreviver, de ter que lidar com gente da sua própria espécie que não se solidariza.
Pelo contrário mata, corrompe, despreza, enfim todos os piores adjetivos existentes encontro todo dia nessa gente.
Não me excluo fora dessa, pois faço parte desta roda viva, mas sou incapaz de arruinar, prejudicar, destruir os sonhos de alguém a troco de nada.
Nunca fui social, nunca soube lidar com tanta sujeira e a cada segundo que passa a certeza que sempre tive se fortalece: que o melhor que faço é viver isolada, com o minimo contato possível com um mundo que só me causa tristeza, decepção e angústia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tudo é obscuro,
Escuro.
Sinto cada batida do coração.
Cada segundo de respiração.
O que era para ser uma dádiva de percepção.
Hoje não passa de medo.
Não quero sentidos.
Quero paz de espírito.
Paranóia.
Cabeça a mil por hora.
Uma estrofe, um som
Vira orquestra sinfônica na infinitude pensante.
Quero dormir,
Quero sono,
Quero relaxar,
Quero respeito de poder viver aquilo que me aparece.
Sem receitas milagrosas, sem palavras vazias.
Quero poder ignorar o mundo, sem cobranças.
Quero ficar em silêncio, sem obrigação de falar.
Me deixa, me deixa.

(Escrito em Julho de 2011, e ainda hoje nada mudou)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tudo é efêmero.
Essa é a única certeza que tenho.
Tudo passa, não temos controle sobre o tempo,
E isso me leva ao desespero.
Queria pegar certos momentos pelas mãos e petrificá-los.
Fazê-lo um molde e guardar fisicamente.
Mas tudo vira só lembrança, e o que fica é aquela angústia de quero mais, de que poderia ser permanente.
Dinâmica da vida que respeito, mas que vez em quando não entendo.
E o que permanece são só momentos, em algum lugar findo de nossa mente.
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Fiz 25 anos.
E me peguei a pensar e percebi que nunca me imaginei com 25 anos.
Em nenhum momento, nem na véspera do aniversário.
A sensação que ficou foi de que tudo passou tão rápido e eu não me dei conta.
Apenas vivi.
Engraçado, só agora fui me dar conta da efemeridade da vida, do quanto os momentos são belos e ao mesmo tempo frágeis, como um pó que o vento leva.
Quanto mais o tempo passa, mais a saudade vem. O caminho da velhice se resume a saudosismos, a lembranças doces e amargas que marcam a juventude.
Sou jovem ainda é claro, mas hoje sou completamente diferente de anos atrás. A euforia, a fúria, a ideologia deu lugar à serenidade e a constatação que eu não vou salvar o mundo e muito menos abraçá-lo. Vou viver e fazer aquilo que está ao meu alcance. Sem neuras, sem muita culpa.
Como nunca ansiei, pensei, planejei este momento, deixo a vida me levar.
Encerrando ciclos, arriscando tudo em nome da aventura. Em busca do novo para fazer palpitar o coração novamente.
E o tempo vai passar e daqui a pouco estarei com 30 anos e estarei aqui novamente com a mesma sensação. De que tudo é só momento e o que resta é a efemeridade.
Enquanto isso vou aqui saboreando o gosto amargo do fel do tempo que já passou. Pegar as lembranças e me deliciar com a consciência de cada segundo que a vida me permitiu. Ter a sensação de mim mesma, e agradecer por eu estar viva!
Só tem futuro, quem teve passado e presente, e quem soube aproveitá-los imensamente.
(Camila Lima)